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Robôs vão atender clientes nas lojas de varejo

Robotização da economia, antes restrita à produção de grandes indústrias e aos serviços de atendimento telefônico, em breve será realidade nas tradicionais redes do comércio varejista

Nelson Cilo -  postado em 14/02/2019 10:03
 

São Paulo — Máquinas trabalhando em linhas de produção de automóveis e atendentes virtuais em operadoras de telefonia são pequenas demonstrações de que os robôs já convivem com a sociedade moderna. Os novos tempos da robótica, no entanto, também chegaram ao varejo.

Divulgação: "Acreditem. Os robôs manifestam emoções, executam reconhecimento facial e alertam sobre possíveis produtos a serem localizados"(foto: Divulgação)

Pelas projeções da consultoria americana Boston Consulting Group (BCG), o mercado global do setor vai movimentar pelo menos US$ 87 bilhões até 2025.  A consultoria, que surgiu em 1963, tem analisado a evolução dos robôs em seus 80 mercados onde mantém escritórios no mundo, entre eles o Brasil. “Grande parte do crescimento acelerado virá do mercado consumidor, incluindo aplicações como carros autônomos e dispositivos para o lar”, afirmou Vlad Lukic, sócio do BCG, no estudo Gaining Robotics Advantage, realizado em 2017.


O varejo é um dos principais alvos da robótica. Aos poucos, as máquinas estão trocando rotineiras tarefas nas fábricas para circular e interagir no meio da clientela de shoppings e lojas convencionais. Um dos exemplos em uso no Brasil é o Sanbot, um ágil sistema comercializado pela startup XRobô, do empresário André Araújo.

Trata-se da primeira companhia brasileira especializada no desenvolvimento de aplicações sob medida para os robôs. “Aplicação”, neste caso, significa a incorporação da inteligência artificial para que o robô tenha autonomia de ação. Segundo Araújo, a função básica do robô de serviço no varejo é prestar informações e apresentar produtos, além de comentar e comparar as opções oferecidas ao público.
 

Mais do que isso: apontar se há estoques disponíveis e até registrar pedidos. “Acreditem. Os robôs manifestam emoções, executam reconhecimento facial e alertam sobre possíveis produtos a serem localizados”, afirma Araújo. Em shoppings tradicionais, eles ainda podem indicar – sem nenhuma falha – a localização das lojas e o melhor caminho para chegar até elas. Além disso, os autômatos recepcionam clientes, superam obstáculos e se locomovem entre os consumidores para orientá-los adequadamente.


“Os robôs de serviço cumprem tarefas para facilitar as vendas e se constituem em importantes peças na engrenagem do varejo moderno”, observa o CEO da XRobô. No final do ano passado, a empresa, instalada em São Paulo, lançou o primeiro robô de serviços na hotelaria brasileira. A programação embarcada no humanoide atuou como concierge em uma rede de hotéis na capital paulista.

O Brasil é um mercado incipiente. Números da IFR (Federação Internacional de Robótica) revelam que o país tem 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores. A média global é 74.

De acordo com especialistas, a 4ª Revolução Industrial – ou Indústria 4.0 – pode abalar as vagas de trabalho no Brasil. O crescente uso dos robôs e da inteligência artificial nas mais diversificadas atividades profissionais deve eliminar pelo menos 30 milhões de empregos formais até 2026 no mercado nacional. Os dados aparecem em um estudo do Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo a pesquisa, num prazo limite de sete anos, mais de 54% dos empregos formais do país talvez sejam ocupados pelos robôs e programas computadorizados. O índice representa aproximadamente 30 milhões de postos pelo critério de carteira assinada. Os dados atuais compõem a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho. O levantamento de 2018 avaliou um total de 2.602 profissões.

O cenário motivou duas correntes de pensamentos relacionadas ao futuro das profissões. Uma delas é pessimista ao se referir ao “robocalipse”, que provocaria um incontrolável declínio nas alternativas de trabalho humano.

A segunda é mais otimista e defende a tese de que o desenvolvimento da inteligência artificial implicaria na indispensável adaptação dos empregados às imposições de um concorrido mercado. Também criaria demanda para empregos em desafios específicos aos profissionais criativos, mas inadequados para os robôs.

 

 

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